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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Matar o Vício



eu gosto de escrever, não o escondo de ninguém (ou talvez o faça). principalmente à mão, pois o texto sai mais fluído, e para além de guardarmos as letras registamos ainda o nosso estado de espírito. as letras escritas correctamente quando estamos calmos, e um profundo emaranhado de traços que não se distinguem, mas que indicam com precisão o que queremos dizer. dá gosto ver um texto assim, ao contrário dum texto com as letras todas do mesmo tamanho, uniforme. é quase como um texto sem alma, seu desalmado infeliz que não sabe o que perde em ser todo direitinho.

não estou com isto a dizer que é horrível escrever a computador ou à máquina, mas não é a mesma coisa. é óptimo para quando não queremos revelar os nossos sentimentos mais profundos. reparem que o que agora estou a fazer é escrever num computador, cuja única emotividade é a velocidade e a força a que bato as teclas, que não chega até vós. terão mesmo de se contentar com o simples significado das palavras, e a sua organização. que foi quase feita à toa!!!

eu tenho um vício! foi por isso que comecei a escrever. na verdade tenho vários, mas o que interessa é este: tenho o vício de escrever. o quê, como, com que palavras são coisas que importam tanto como se uso meia brancas ou meias pretas... o que interessa é escrever, o mais depressa possível, com o mínimo de interrupções possíveis. foi o que aqui fiz, escrevi, à toa, mas lentamente, porque há letras que ainda não sei onde estão, e fui interrompido algumas vezes pela minha mãe.

poderia continuar a escrever isto durante um ano, dois três, quatro, cinco, seis... poderia até mesmo continuar a fazer esta enumeração eternamente... aliás este momento é já eterno... um momento fechado em si próprio no qual escrevo, escrevo e escrevo... (é preciso matar o vício)

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