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domingo, 28 de fevereiro de 2010

De mãe para mãe

Vi o seu protesto diante das câmaras de televisão contra a transferência do seu filho, menor, infractor, das dependências da prisão em São Paulo para outra dependência prisional no interior do Estado de São Paulo.


Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que passou a ter, para visitá-lo, bem como de outros inconvenientes decorrentes daquela mesma transferência. Vi também toda a cobertura que os média deram a este facto, assim como vi que não só você, mas igualmente outras mães na mesma situação que você, contam com o apoio de Comissões Pastorais, Órgãos e Entidades de Defesa de Direitos Humanos, ONG's, etc...


Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender o seu protesto. Quero, com ele, fazer coro. No entanto, como verá, também é enorme a distância que me separa do meu filho. Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas que tenho para visitá-lo. Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos porque labuto, inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto da família. Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que desempenha, para mim, importante papel de amigo e conselheiro espiritual.


Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou cruelmente num assalto a um vídeo-clube, onde ele, meu filho, trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite. No próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando e fazendo carícias ao seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores na sua humilde campa rasa, num cemitério da periferia... Ah! Já me ia esquecendo: e também ganhando pouco e sustentando a casa, pode ficar tranquila, pois eu estarei pagando de novo, o colchão que seu querido filho queimou lá, na última rebelião de presidiários, onde ele se encontrava cumprindo pena por ser um criminoso.

No cemitério, ou na minha casa, NUNCA apareceu nenhum representante dessas 'Entidades' que tanto a confortam, para me dar uma só palavra de conforto, e talvez indicar quais "Os meus direitos". Para terminar, ainda como mãe, peço "por favor": Faça circular este manifesto! Talvez se consiga acabar com esta (falta de vergonha) inversão de valores que assola o Brasil e não só... Direitos humanos só deveriam ser para "humanos direitos" !!!


Cumprimentos,


Ana Isabel Pinto da Costa


recebi no mail... mexe...

Em Segurança


de Jonathan Leder

Muitos são os momentos em que nos ausentamos. Fugimos de ser, refugiamo-nos nalgo que tomamos como certo. Um silêncio, um vazio, um espaço, um ruído... Esse algo é nosso, e ninguém no-lo pode roubar. Donos e senhores do nosso destino, escolhemos não ser, senão algo, uma caneta que se demora lenta e bela, uma música que dança por entre o vento, um amor de dois segundos, uma existência de nenhum... Escondidos, refugiados, em segurança.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sem sentido?



É curiosa a forma como todos buscamos um sentido. Uns esperam-no. Outros procuram-no. Outros ignoram que o procuram, durante imenso tempo. Duvido que alguém alguma vez o encontre. Como o pote de ouro no fim do arco-íris, os gambozinos, e os bichos no armário, duvido que tal coisa exista. Não acredito que haja sentido, apenas uma busca, que vale por si. Pobres homens que o procuram!

Mas talvez eu esteja enganado. Afinal de contas, a minha sapiência contar-se-ia pelos dedos da mão, se fosse quantificável, e as minhas dúvidas, essas, escassas como areia num deserto. Não vale a pena discorrer, falar, discutir... Isto é algo tão pessoal que até conselhos podem ser considerados como intromissões. A direcção que seguimos é algo importantíssimo, e só a nós nos cabe defini-lo. Se não houver sentido que seja criado um! É o que fazemos... Mas será esse sentido, um verdadeiro sentido? Talvez sim, talvez não... Neste jogo não interessa como, só interessa atravessar a meta. Podemos fazê-lo devagar, depressa, de costas, a saltar ao pé coxinho, ou em contra-mão... O que interessa é atravessar essa linha imaginária. Nesse sentido, não há um sentido para continuarmos, temos de ser nós a criá-lo.

O Sol é um astro que através de reacções nucleares liberta enormes quantidades de radiação de várias frequências e, portanto, várias características diferentes. Ele não sabe porque o faz, nem estou certo que o queira fazer... Como ele temos de seguir. E não será melhor assim? Sem sentido? Sem um motivo para fazer o que quer que seja? Só a nossa vontade está em jogo, e assim vivemos sem sentido, ao sabor do vento, talvez bem melhor do que com falsos sentidos criados num qualquer centro de incubação de filosofias de vida de bolso. Sem sentido. Ao sabor do vento. Só é preocupante quando a vontade escassa, as dúvidas crescem, e o vento não sopra.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

faleço de ser quem sou. ando por estas ruas moribundas, de aspecto nojento e asqueroso. cheira a caca de pombo, fezes humanas e urina de cão. não vejo pombos, homens ou cães. no meio do nojo passeiam de mãos dadas um asno e um abutre, mortos de paixão, falecidos. parece que toda a gente falece, por um ou outro motivo. parece que tudo nojo e tudo motivo para fugir da essência. a essência, pintada de vermelho, cheirando a ferrugem, aparece falecida hoje em dia, mais espessa, alaranjada e quente. tudo asco. todos falecemos de asco. asco do mundo? asco de nós? e tudo falecido, e cada vez mais asco.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Os Homens que Matam Cabras só com o Olhar



sinceramente gostei. mais ninguém no meu grupo de familiares gostou. eu gostei. é estúpido sim senhor. não tem sentido, isso também é uma grande verdade. e não faz falta algo sem sentido? sinceramente fez-me lembrar Beatles, principalmente o John e a "I am the Walrus". e discordo da afirmação "é que não se pode tirar nada deste filme". para além da óbvia crítica à guerra no Iraque, também é, pelo menos para mim, um hino à liberdade criativa e à paz. talvez seja o único a gostar do filme, mas gostei. não é um filme por aí além, mas entra claramente na divisão dos "filmes a sério", como não há assim tantas comédias. também não conheço muitas...

PS:.nota especial para a tradução, que eu considero, sinceramente, sublime.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

take just a miserable second #18

Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.


de William Henley


domingo, 14 de fevereiro de 2010

insignificante



é insignificante o sentido de tudo. e isso enlouquece-me. louco, sou,e mais, insignificante. desculpa por ser insignificante mãe. talvez ridículo até, ou mais: "não bate bem da cabecinha". razão ela, e perdoa-me se assim faço, está nas minhas mãos sanidade, nível, inteligência, etc. por isso mesmo não, não sigo, que minhas mãos independentes, livres, pedaços de carne, que tudo carne e elas ainda assim. desculpa. não tenho vontade, desejo de ser mais, decerto, talvez tenha medo de ser mais, talvez para mim mais menos e tu, insignificante, ignoras. agrada-me a insignificância. tudo insignificante, todos insignificantes, vida insignificante. e que continue a ser insignificante.


foto de Annie Lebowitz

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Blackout

aqui não se falará de política,apesar da época que vivemos... não gosto de sócrates, assim como não gosto de berlusconis... não me quero enervar.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

nada

gostava de poder dizer que fiz tudo bem. talvez tudo nada, então sim... tudo bem, porque não tudo, apenas nada. além do tudo nada, além do nada, porque o nada tudo, e afinal só nada, não tudo, não qualquer coisa, nem sequer talvez. às vezes por ventura, parece que há algo mais. não há, tudo é menos que uma página verde rasgada de um caderno a que chamamos . não chamamos nada, mas seria passado se o chamássemos. ele não responderia: muito ocupado. passado nada, assim como futuro presente e tudo. tudo nada, tu nada... por isso te quero tanto. quero-te nada que és! porque nada é tudo! mas não fiz nada bem, e agora tarde demais. (tempo nenhum)

A ouvir #23 (@Sons de Vez)

Grande concerto! Aliás, grande espectáculo! Não é comparável ouvi-los no PC e ouvi-los ao vivo... Alegria para depressões, um grande medicamento! Mereceram todas as palmas!