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terça-feira, 21 de junho de 2011
Les Miserables - victor hugo
li os miseráveis. mas não vou escrever nada sobre ele. filho da mãe de livro mais incrível! leiam, vejam o filme. reparem nas urtigas, doces pessoas.
é como quem diz:
leituras,
les miserables,
Literatura,
Victor Hugo
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
novo projecto
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
O Deus das Moscas| o medo destrói a razão
O Deus das Moscas de William Golding é uma interessante reflexão sobre a origem do mal, sobre o caos e sobre o medo. a partir de um núcleo de crianças que sobrevivem a um acidente de aviação numa ilha deserta gera-se uma sociedade que tem dificuldade em se organizar. o medo, encarnado numa fera imaginada, destrói por completo a união dos pequenos, assim como a capacidade de pensar, libertando todo o mal, todo o ódio que até ali se havia acumulado. é um livro duro, que está magnificamente escrito para nos dar um soco na alma.
"-Imagina tu! Pensar que a Fera era alguma coisa que se poderia caçar e matar! - (...) - Tu sabias, não é verdade? Eu sou parte de ti próprio. Aproxima-te, aproxima-te ainda mais! Sou eu o motivo por que não se pode ir mais além? Porque é que as coisas são o que são?"
"-Imagina tu! Pensar que a Fera era alguma coisa que se poderia caçar e matar! - (...) - Tu sabias, não é verdade? Eu sou parte de ti próprio. Aproxima-te, aproxima-te ainda mais! Sou eu o motivo por que não se pode ir mais além? Porque é que as coisas são o que são?"
é como quem diz:
leituras,
Literatura,
medo,
ódio,
william golding
domingo, 23 de janeiro de 2011
o tédio| esse miserável tédio
"Descobre que compreende o tédio da sua existência, em que cada caminho é uma improvisação, e uma considerável parte do tempo em que está acordado é consumida em ver onde põe os pés."
William Golding em O Deus das Moscas
é isso. sacanagem de olhos que nos fogem do lugar, para se concentrarem em algo tão fútil como o solo, como se fizesse mal algum tropeçarmos, cairmos, falecermos, virarmos húmus.
é como quem diz:
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tédio
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
que admirável mundo novo?
Brave New World, de Aldous Huxley, apresenta-nos uma sociedade "perfeita" onde "toda" a gente é feliz, incentivada a ser feliz, obrigada a ser feliz, através de diversos mecanismos de condicionamento, aquilo a que hoje se poderia chamar programação. à parte a história, bem conhecida de muitos, fica lançada a questão "o que é mais importante? a felicidade ou a liberdade?", para além da mais negra e sombria "não é também o desejo da liberdade fruto de programação? e se assim for, será a liberdade livre?". uma das possíveis respostas é a existencialista, a de Sartre e amigos, segundo a qual, a liberdade só pode existir quando o ser está condicionado: são os condicionamentos que dão ao indivíduo a liberdade.
voltando ao livro, é um romance muito pessoal, muito importante para a reflexão e para o auto-conhecimento. um livro fundamental para a construção completa do indivíduo.
ps:. sintam-se livres para dar a vossa opinião ou, até, colocar novas pergguntas.
voltando ao livro, é um romance muito pessoal, muito importante para a reflexão e para o auto-conhecimento. um livro fundamental para a construção completa do indivíduo.
ps:. sintam-se livres para dar a vossa opinião ou, até, colocar novas pergguntas.
é como quem diz:
Aldous Huxley,
Filosofia,
leituras,
Literatura
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
2010 em resumo: filmes, álbuns, livro
Melhores filmes de 2010
a maior parte dos filmes são de 2009, mas estreados em Portugal em 2010.
por ordem mais ou menos aleatória.
não vi muitos filmes que gostava de ter visto. vi a Origem.

Mr.Nobody - Jaco Van Dormael

The Imaginarium of Doctor Parnassus - Terry Gilliam
Whatever Works - Woody Allen
The Man Who Stare At Goat - Grant Heslov
Das Weisse Band - Michael Haneke
Filme do Desassossego - João Botelho
2- Broken Water - Whet
3- Mão Morta - Pesadelo em Peluche
4- MGMT - Congratulations
5- Crippled Black Phoenix - I, Vigilante
6- Gorillaz - Plastic Beach
7- Joanna Newsom - Have One On Me
8- Big Blood - Dark Country Blues
9- Tungs - Sleeping
10- The Coral - Butterflie House

valter hugo mãe - máquina de fazer espanhóis
a maior parte dos filmes são de 2009, mas estreados em Portugal em 2010.
por ordem mais ou menos aleatória.
não vi muitos filmes que gostava de ter visto. vi a Origem.

Mr.Nobody - Jaco Van Dormael

The Imaginarium of Doctor Parnassus - Terry Gilliam
Whatever Works - Woody Allen
The Man Who Stare At Goat - Grant Heslov
Das Weisse Band - Michael Haneke
Filme do Desassossego - João Botelho
Melhores álbuns de 2010
1- Linda Martini - Casa Ocupada2- Broken Water - Whet
3- Mão Morta - Pesadelo em Peluche
4- MGMT - Congratulations
5- Crippled Black Phoenix - I, Vigilante
6- Gorillaz - Plastic Beach
7- Joanna Newsom - Have One On Me
8- Big Blood - Dark Country Blues
9- Tungs - Sleeping
10- The Coral - Butterflie House
O Livro de 2010
que não se pense que não li mais que um livro em 2010, mas apenas 1 foi editado em 2010.
valter hugo mãe - máquina de fazer espanhóis
domingo, 25 de julho de 2010
leituras 4 - O Senhor Ventura - Miguel Torga

Para além de prodigioso poeta e de grande homem Miguel Torga também é um incrível romancista. Apesar de poucas obras, romances, os que escreveu, valem o suficiente para o provar.
O Senhor Ventura é uma obra sobre um homem que desde sempre fora insubmisso, desrespeitador da lei e tivera uma sede enorme por liberdade. Características que o levaram a ser enviado para Macau, visto não respeitar quaisquer horários na tropa. Este ex-pastor faz vida no oriente onde anda constantemente em busca de algo, que nunca chega a encontrar, envolvendo-se em muitas ilegalidades, participando em muitos crimes. Regressa um dia a Portugal, onde ironicamente ganha a paz (nunca manifestara ou sentira vontade de regressar) que nunca teve, mas não para sempre. A obra não acaba aqui, mas tentei-me reduzir ao mais elementar, apesar de ser um romance que não chega às 100 páginas.
Um romance curto, mas carregado de emoções. E bem ao estilo de Torga, carregado de Portugal, mesmo quando a acção está bem longe.
"Não me resigno à ideia de ter vindo à luz neste tempo e numa terra durante séculos inquieta de descobrir e saber, e depois tragicamente adormecida para tudo o que não seja olhar-se e resignar-se. Parece-me um castigo imerecido do destino e da história."
"Eles eram, na sua letra rude e na sua sinceridade rude, uma imagem viva da terra rude que os viu nascer."
"Contra todo o bom senso, era novamente o perigo e a liberdade que lhe apeteciam. Eram ondas desmedidas e pesadas, e terras sem sossego e sem carinho que o seu corpo desejava enfrentar."
"Os conselhos da amiga chinesa só prestavam para quem tivesse nascido no Celeste Império. Para gente da Ibéria, a calma, a prudência, e tudo quanto defende um homem das fervuras do sangue, eram palavras vãs."
O Senhor Ventura é uma obra sobre um homem que desde sempre fora insubmisso, desrespeitador da lei e tivera uma sede enorme por liberdade. Características que o levaram a ser enviado para Macau, visto não respeitar quaisquer horários na tropa. Este ex-pastor faz vida no oriente onde anda constantemente em busca de algo, que nunca chega a encontrar, envolvendo-se em muitas ilegalidades, participando em muitos crimes. Regressa um dia a Portugal, onde ironicamente ganha a paz (nunca manifestara ou sentira vontade de regressar) que nunca teve, mas não para sempre. A obra não acaba aqui, mas tentei-me reduzir ao mais elementar, apesar de ser um romance que não chega às 100 páginas.
Um romance curto, mas carregado de emoções. E bem ao estilo de Torga, carregado de Portugal, mesmo quando a acção está bem longe.
"Não me resigno à ideia de ter vindo à luz neste tempo e numa terra durante séculos inquieta de descobrir e saber, e depois tragicamente adormecida para tudo o que não seja olhar-se e resignar-se. Parece-me um castigo imerecido do destino e da história."
"Eles eram, na sua letra rude e na sua sinceridade rude, uma imagem viva da terra rude que os viu nascer."
"Contra todo o bom senso, era novamente o perigo e a liberdade que lhe apeteciam. Eram ondas desmedidas e pesadas, e terras sem sossego e sem carinho que o seu corpo desejava enfrentar."
"Os conselhos da amiga chinesa só prestavam para quem tivesse nascido no Celeste Império. Para gente da Ibéria, a calma, a prudência, e tudo quanto defende um homem das fervuras do sangue, eram palavras vãs."
é como quem diz:
leituras,
Literatura,
Miguel Torga
quinta-feira, 22 de julho de 2010
leituras 3 - o velho que lia romances de amor - Luis Sepúlveda
Sou um confesso admirador da literatura sul americana. Aprecio um não sei quê de transparência, simplicidade e clareza. Se calhar estou só a generalizar, mas em todos os livros que li desta rota, têm em si algo de único.
Mais do que um livro sobre romances de amor é uma obra de amor à floresta, mais concretamente à floresta tropical, a Amazónia, esse paraíso que está cada vez mais em vias de extinção.
"Quando havia uma passagem que lhe agradava especialmente, repetia-a muitas vezes, todas as que achasse necessárias para descobrir como a linguagem humana também podia ser bela."
"Antonio José Bolívar ocupava-se de as manter à distância, enquanto os colonos devastavam a floresta construindo a obra-prima do homem civilizado: o deserto."
"... e dos seus romances, que falavam do amor com palavras tão bonitas que às vezes lhe faziam esquecer a barbárie humana."
Mais do que um livro sobre romances de amor é uma obra de amor à floresta, mais concretamente à floresta tropical, a Amazónia, esse paraíso que está cada vez mais em vias de extinção.
"Quando havia uma passagem que lhe agradava especialmente, repetia-a muitas vezes, todas as que achasse necessárias para descobrir como a linguagem humana também podia ser bela."
"Antonio José Bolívar ocupava-se de as manter à distância, enquanto os colonos devastavam a floresta construindo a obra-prima do homem civilizado: o deserto."
"... e dos seus romances, que falavam do amor com palavras tão bonitas que às vezes lhe faziam esquecer a barbárie humana."
é como quem diz:
leituras,
Literatura,
Luis Sepúlveda
terça-feira, 20 de julho de 2010
leituras 2 - Contos Poe.liciais

Edgar Allan Poe é um dos escritores mais célebres da língua inglesa. Poeta que viveu no século XIX e morreu com 40 anos, ficou notório pelos seus poemas e contos, e também por ter inventado (assim se crê) o género policial.
Antes de Poirot ou Sherlock Holmes, já Dupin investigava e resolvia quebra-cabeças com distinção. Não de uma forma tão detalhada e narrada, num estilo mais preocupado com a explicação do raciocínio Poe lança as primeiras cartas, que marcarão a história da literatura.
É de realçar o conto O Mistério de Marie Rogêt que Poe escreveu a partir de uma história real. Este serviu-se unicamente dos jornais para escrever. O mais é incrível é o facto de que tempo depois de este escrever o conto, duas pessoas, uma das quais com correspondência na obra, envolvidas no caso confirmaram a conclusão geral e até mesmo os seus principais detalhes hipotéticos.
Os Crimes da Rua Morgue
"Sinto-me contente por o ter batido no seu próprio terreno. Não obstante, que não tenha podido deslindar este mistério, nada tem que cause espanto, e é mesmo menos singular do que ele julga, porque, na verdade, o nosso amigo perfeito é um pouco demasiado fino para ser profundo."
A Carta Roubada
"Contesto especialmente o raciocínio extraído do estudo das matemáticas. As matemáticas são a ciência das formas e das quantidades; o raciocínio não passa da simples lógica aplicada à forma e à quantidade. O grande erro consiste em supor que as verdades a que se chama puramente algébricas são verdades abstractas ou gerais.
O Mistério de Marie Rogêt
"A massa do povo considera como profundo só aquele que emite contradições picantes da ideia geral. Tanto em lógica como literatura, é o epigrama o género mais universal e imediatamente apreciado. Em ambos os casos é o género de mérito mais baixo."
Antes de Poirot ou Sherlock Holmes, já Dupin investigava e resolvia quebra-cabeças com distinção. Não de uma forma tão detalhada e narrada, num estilo mais preocupado com a explicação do raciocínio Poe lança as primeiras cartas, que marcarão a história da literatura.
É de realçar o conto O Mistério de Marie Rogêt que Poe escreveu a partir de uma história real. Este serviu-se unicamente dos jornais para escrever. O mais é incrível é o facto de que tempo depois de este escrever o conto, duas pessoas, uma das quais com correspondência na obra, envolvidas no caso confirmaram a conclusão geral e até mesmo os seus principais detalhes hipotéticos.
Os Crimes da Rua Morgue
"Sinto-me contente por o ter batido no seu próprio terreno. Não obstante, que não tenha podido deslindar este mistério, nada tem que cause espanto, e é mesmo menos singular do que ele julga, porque, na verdade, o nosso amigo perfeito é um pouco demasiado fino para ser profundo."
A Carta Roubada
"Contesto especialmente o raciocínio extraído do estudo das matemáticas. As matemáticas são a ciência das formas e das quantidades; o raciocínio não passa da simples lógica aplicada à forma e à quantidade. O grande erro consiste em supor que as verdades a que se chama puramente algébricas são verdades abstractas ou gerais.
O Mistério de Marie Rogêt
"A massa do povo considera como profundo só aquele que emite contradições picantes da ideia geral. Tanto em lógica como literatura, é o epigrama o género mais universal e imediatamente apreciado. Em ambos os casos é o género de mérito mais baixo."
é como quem diz:
Edgar Allan Poe,
leituras,
Literatura
quinta-feira, 1 de julho de 2010
leituras
"Não sabia que a liberdade não é uma recompensa, nem uma condecoração que se festeje com champanhe. Nem, aliás um presente, uma caixa de bombons para lamber os beiços. Oh!, não, é uma estopada, pelo contrário, e uma corrida de fundo, bem solitária, bem extenuante. Nada de champanhe, nada de amigos que ergam a sua taça, olhando-nos com ternura. Sozinhos numa sala sombria, sozinhos no banco dos réus, perante os juízes,e sozinhos a decidir e perante nós mesmos ou perante o juízo dos outros. Ao cabo de toda a liberdade, há uma sentença; eis porque a liberdade é pesada de mais, sobretudo quando se sofre de febre, ou nos sentimos mal, ou não amamos ninguém."
Albert Camus em A Queda
é como quem diz:
Albert Camus,
leituras,
Literatura
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
10 livros que não mudaram a minha vida
Não é que tenha lido muito, mas aqui vai a resposta ao desafio da Austeriana.
O Continente da Insónia - António Lobo Antunes
o remorso de valter hugo mãe - baltazar serapião
Jerusalém - Mia Couto
A Vida é Aqui - Milan Kundera
O lugar de Jostein - Sofia Gaardner
Extremamente Alto e Incrivelmente Estúpido - Jonathan Safran Foer
100 anos de República - Gabriel Garcia Marquez
Morte - J.M. Coetzee
Crónicas de uma Desgraça Anunciada - G.G.Marquez
Vinhaça - Miguel Torga
O Continente da Insónia - António Lobo Antunes
o remorso de valter hugo mãe - baltazar serapião
Jerusalém - Mia Couto
A Vida é Aqui - Milan Kundera
O lugar de Jostein - Sofia Gaardner
Extremamente Alto e Incrivelmente Estúpido - Jonathan Safran Foer
100 anos de República - Gabriel Garcia Marquez
Morte - J.M. Coetzee
Crónicas de uma Desgraça Anunciada - G.G.Marquez
Vinhaça - Miguel Torga
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Por amor à Virtude não por Medo ao Inferno
Ontem à tarde, eu estava encostado ao sofá, na sala escura, com a televisão desligada, e o computador a passar o The Wall dos Pink Floyd. Nas minhas mãos vivia um livro, de que há muito ouço falar, especialmente mal. "É uma seca! É isto, é aquilo!". Obviamente eu sabia que assim não era, porque quem o disse tinha pinta de achar o Crepúsculo uma excelente obra literária. Mas ainda assim, tinha algum medo, porque o livro se afigurava pesado, eternamente pesado.
Comecei a ler. E zás, desapareceram as primeiras 20 páginas. "Afinal não deve custar assim tanto!". Li mais um bocado, e já tinham ido 50. De forma que ontem à tarde estava em casa a ler, ou melhor, a devorar o livro. O livro que aparentava ser pesado, oh eternamente pesado, era na verdade muito leve, como uma pena, como uma pequena partícula de ar. Como as aparências enganam! Não eram tanto as 600 e tal páginas, mas mais o prestígio que o Eça tinha. Sempre pensei que fosse um escritor cuidado, que fizesse grandes e imensas descrições, mas afinal é bastante simples, leve, no que à narração diz respeito. Peso que aumenta com o verdadeiro conteúdo. É uma verdadeira obra de arte, pelo menos o início.
Sim, eu estou a ler Os Maias, até porque toda a gente tem, ou pelo menos deve ler, Os Maias. Isto posiciona-me numa facha etária que eu não havia ainda revelado, por ter medo que isso me descridibilizasse. Eu sou mais que o tempo que vivi. Sou os sonhos que tive, as coisas que fiz, as músicas que ouvi, os livros que li, o ar que respirei, as pessoas que conheci,... Definitivamente sou muito mais que os meus 16 anos! Mas não posso deixar de ter o receio de passar a ser visto como um miúdo, porque, em certa medida, até o sou. Se calhar é esse medo que faz de mim um miúdo, mas pronto, isso são pormenores.
Estava a ler Os Maias, quando, a certa altura me deparo com uma passagem belíssima:
"- Bem sei. Mas tudo isso que você lhe ensinaria que se não deve fazer, por ser um pecado que ofende a Deus, já ele save que se não deve praticar, porque é indigno de um cavalheiro e de um homem de bem...
- Mas, meu senhor...
-Ouça, Abade. Toda a diferença é essa.Eu quero que o rapaz seja virtuoso por amor da virtude e honrado por amor da honra; mas não por medo às caldeiras de Pêro Botelho , nem com o engodo de ir para o Reino do Céu..."
Isto resume o que eu penso sobre isto! E deveríamos todos ser assim...
PS:. O The Wall dá uma bela banda-sonora.
Comecei a ler. E zás, desapareceram as primeiras 20 páginas. "Afinal não deve custar assim tanto!". Li mais um bocado, e já tinham ido 50. De forma que ontem à tarde estava em casa a ler, ou melhor, a devorar o livro. O livro que aparentava ser pesado, oh eternamente pesado, era na verdade muito leve, como uma pena, como uma pequena partícula de ar. Como as aparências enganam! Não eram tanto as 600 e tal páginas, mas mais o prestígio que o Eça tinha. Sempre pensei que fosse um escritor cuidado, que fizesse grandes e imensas descrições, mas afinal é bastante simples, leve, no que à narração diz respeito. Peso que aumenta com o verdadeiro conteúdo. É uma verdadeira obra de arte, pelo menos o início.
Sim, eu estou a ler Os Maias, até porque toda a gente tem, ou pelo menos deve ler, Os Maias. Isto posiciona-me numa facha etária que eu não havia ainda revelado, por ter medo que isso me descridibilizasse. Eu sou mais que o tempo que vivi. Sou os sonhos que tive, as coisas que fiz, as músicas que ouvi, os livros que li, o ar que respirei, as pessoas que conheci,... Definitivamente sou muito mais que os meus 16 anos! Mas não posso deixar de ter o receio de passar a ser visto como um miúdo, porque, em certa medida, até o sou. Se calhar é esse medo que faz de mim um miúdo, mas pronto, isso são pormenores.
Estava a ler Os Maias, quando, a certa altura me deparo com uma passagem belíssima:
"- Bem sei. Mas tudo isso que você lhe ensinaria que se não deve fazer, por ser um pecado que ofende a Deus, já ele save que se não deve praticar, porque é indigno de um cavalheiro e de um homem de bem...
- Mas, meu senhor...
-Ouça, Abade. Toda a diferença é essa.Eu quero que o rapaz seja virtuoso por amor da virtude e honrado por amor da honra; mas não por medo às caldeiras de Pêro Botelho , nem com o engodo de ir para o Reino do Céu..."
Isto resume o que eu penso sobre isto! E deveríamos todos ser assim...
PS:. O The Wall dá uma bela banda-sonora.
é como quem diz:
Eça de Queiroz,
Literatura,
os Maias
domingo, 30 de agosto de 2009
Lágrimas de Paixão
"E ela repetia que não poderia viver e não viveria sem ele, e ambos repetiam um ao outro essas palavras e repetiram-nas tão longamente que acabaram por sucumbir a um grande fascínio brumoso; tinham tirado a roupa e estavam a amar-se; de repente. Jaromil sentiu na mão a humidade das lágrimas que escorriam pelo rosto da ruiva; era maravilhoso, era uma coisa que nunca lhe acontecera, uma mulher a chorar por amor dele; as lágrimas eram para Jaromil essa substância na qual o homem se dissolve quando não quer contentar-se com ser um homem e deseja libertar-se dos limites da sua natureza; parecia-lhe que o homem, por meio de uma lágrima, escapava à sua natureza material, aos seus limites, que se confundia com a lonjura e se tornava imensidade. Estava formidavelmente comovido pela humidade das lágrimas, e sentiu de súbito que também ele estava a chorar; amavam-se e estavam molhados por todo o corpo e por todo o rosto, amavam-se e a verdade é que estavam a dissolver-se, os seus humores misturavam-se e confluíam como as águas de dois rios, choravam e amavam-se e nesse instante estavam fora do mundo, eram como um lago que se desprendesse da terra e se elevasse para o céu."
Milan Kundera in "A Vida não é Aqui",
Capítulo 10 da 5ª Parte " O Poeta tem Ciúmes"
Capítulo 10 da 5ª Parte " O Poeta tem Ciúmes"
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