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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

2010 em álbuns - 3. Mão Morta - Pesadelo em Peluche



a partir de A Feira de Atrocidades de J.G. Ballard os Mão Morta construíram este álbum conceptual. "como se a vida se transmutasse num perturbante pesadelo de desconcerto numa mente entorpecida pelo peluche do conforto" diz Adolfo Luxúria Canibal. então, ao longo do álbum vão-nos sendo apresentadas bizarrias diversas bem acondicionadas pelo instrumental. "mais vale nascer e morrer, do que não nascer e não morrer" ouve-se em Fingir de Morto: é assim que se retira valor à morte, encarando-a com realidade. no fundo é isto que os Mão Morta vão fazendo.

numa abordagem mais sombria, O Seio de Esquerdo de R.P. apresenta-nos a bizarria das imagens de alguns grafitos e o processo cerebral que lhe é referente, Tiago Capitão conta-nos a história de um criminoso que se escondeu na sociedade tentando apagar a identidade, Biblioteca Espectral volta ao nosso cérebro para nos explica-nos a memória e Metalcarne, num registo que passa pelo electrónico para ilustrar fetiches.

de um ponto de vista mais bem disposto e, aparentemente irónico, a fim de provocar o contraste entre as duas dimensões do registo, são-nos apresentados a já referida Fingir de Morto, Teoria da Conspiração, que dá apoio às teorias da conspiração , o funk-rock de Estância Balnear e o single Novelos de Paixão. esta última, com uma letra básica, muito abaixo do habitual de Canibal, é a ganha-pão do álbum.

um pouco à parte aparece Tardes de Inverno que, nem sombria nem alegremente, nos dá com toda a força. um instrumental imediato, poderoso e duradouro (agora e para sempre), uma letra muito bem articulada apresentado com a melhor voz do Adolfo a tocar o desespero " demência sem jeito/num rumo desfeito".

não é com certeza o melhor álbum dos bracarenses, mas é um álbum em que por várias vezes atingem o nível da genialidade, como é o caso das duas músicas seguintes.



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