Não gosto de julgar ninguém. Faço-o muitas vezes. Demasiadas. Tenho pena de o fazer mas é algo inevitável, que surge das mais profundas e obscuras naturezas humanas, e das mais evidentes relações humanas. Toda a gente julga toda a gente, sem pensar em se julgar a si própria. Nem sequer é por isso que não gosto de julgar, mas só por si, parece-me um motivo admissível para fazermos um esforço.
Não gosto de julgar ninguém porque não sei o que se passa ao certo dentro da cabeça dos arguidos, e o que está por trás dele. Isto aplica-se especialmente a figuras públicas, sobre as quais mais não sei que pedaços de informação mais ou menos distorcida. Há por isso muitas lacunas, muitas falhas que não permitem julgar todo o conjunto da pessoa. Podemos, isso sim, julgar as acções das pessoas isoladamente, pois essas conhecemos, por vezes (convém sempre desconfiar da informação encontrada em livros e jornais).
Marylin Monroe, que muita boa gente vê como fútil e ignorante, é um excelente exemplo das falhas que podem resultar desses julgamentos. Ao que consta, para além de escrever poesia, lia, entre outros, Beckett e Joyce (Público). O julgamento que lhe é feito por algumas pessoas baseia-se unicamente na sua vida profissional, ignorando aquilo que a diva fazia por fora.
O homem é um ser limitado, tal como o são os seus julgamentos, daí não gostar de os fazer. Pena ser tão humano e natural.
3 comentários:
Partilho da tua opinião. Dizem que julgar é fácil, e muito vezes parece porque é o que mais temos facilidade em fazer. Difícil é julgar bem e correctamente.
cumps
Eu conhecia essa vertente da Marylin, mas repara que ela nunca se esforçou muito para que se soubesse que era uma pessoa culta. Possivelmente por achar que era mais intrigante para a sociedade dar a conhecer a sua parte fútil, nunca apostou muito em dizer que tinha um lado incrível.
Por isso, se procurares imagens dela com certeza que não a vês agarrada a um livro ou a escrever... vê-la mais a levantar a saia!
Quanto a julgar, como te entendo...
no livro que vai ser publicado há um texto em que ela diz que não é levada a sério. imagina o número de pessoas interessadas numa mulher daquelas a falar sobre coisas interessantes...
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