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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

obsessão


obsessão é efeito boomerang. é algo que temos dentro de nós que vai e vem, não nos deixando. algo que marca a nossa existência, marca os nossos actos, por ser o caminho que nos aparece pela frente para seguirmos ou não. é uma insensatez segui-lo. é o caminho do sofrimento e da perturbação mental. assim como a insensatez do jobim é obsessiva, eu sou obsessivo: por ela por música, por vida. a vida é obsessiva. só as coisas neutras não provocam obsessões.

como uma música tocada em repeat, a obsessão é o desejo de criar um circulo, uma linha que nos salve do efémero, que nos granjeie eternidade. a obsessão é o medo da morte e o medo da vida. é uma fuga de sofrimento e dor, que nos parece guiar a algum lado, limitando-nos a passear num carrossel . no fundo todo o esforço é inútil, a sobrevivência é inútil, a vida é inútil. não só as artes. tudo é inútil, a partir do momento em que temos uma escolha que nega tudo, fazendo com que nada exista. nada que seja susceptível de não existir é útil, tudo é inútil. é a obsessão que nos faz seguir por entre o inútil. também ela é inútil. tudo é inútil. cada um cria para si os seus universos de inutilidade. a liberdade é isso.

e a obsessão não a limita. é lhe indiferente. a obsessão sou eu. a obsessão é isto em repeat:

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

noite fora #5



Passou muito tempo. De tudo. Não me lembro de ser. Não sei se sou. Lembro-me da vida há muito tempo. Lembro-me de pensar que belo ano que vai ser, ironicamente, num qualquer dia 1. Hoje, já vejo o final desse ano. Não foi belo, não foi nada. Cru, seco, banal. O ano passado era. Não sei o quê, mas era. E este ano fui sendo também. Cortei, com muito custo, muitas cordas que me uniam ao passado, ao que sou quando chove. Mas nunca cheguei a ser verdadeiramente.

***

Não gosto de datas. Por mim os dias poderiam ser todos iguais. Era da forma que não éramos presos em armadilhas do tempo. Já? A sério? O tempo nunca é na quantidade em que parece ser. De que me vale viver um ano, se todos os segundos são no fundo iguais? E o mais curioso é que me prendo a esta realidade que, sem lógica e sem sentido, me fascina. Talvez por isso mesmo: estou farto de planos, de estratégias, de linhas, ainda que as faça sempre e para tudo.

Está aí o Natal. É me indiferente. Perdi-lhe o gosto, como já perdi à Páscoa, ao Carnaval, à Passagem de Ano, etc... E o Natal é belo! Pelo menos escrito, filmado, cantado. Tão fantástico!!! Ao vivo não é tão fantástico... É muito mais banal, consumista, superficial, do que belo, profundo, forte. Talvez esteja doente, não sei... Talvez seja mais engraçado ver o mundo de uma forma mais deprimente. Ainda que corra o risco de me tornar depressivo, ou até mesmo deprimente.

***

Adoro esta música. Do início ao fim. Nunca pensei ser possível gostar tanto de uma música instrumental. Nunca pensei poder de gostar de PF sem o Roger. Nunca pensei que a definição da vida pudesse ser tão simples. Não a consigo explicar, mas quando ouço esta música sei perfeitamente qual é. Ela cheira a noite, tresanda... Cheira a homem. Cheira a desespero, que a par da culpa é talvez a maior das emoções humanas. Um homem desesperado corre. Nalgum sentido. Também eu corro, ouvindo esta música. E neste meu inferno depressivo, deprimente, ridiculamente enfatizado, ou mesmo puramente ridículo, meramente infantil, sem razão de ser, estúpido vá, vivo mais que muita boa gente. Podemos chamar a esta música uma eternidade. É uma eternidade, e eu estou fechado nela...

***

Não ligo muito a datas, mas ainda assim, desejo a todos UM FELIZ NATAL!!!!

domingo, 22 de novembro de 2009

noite fora #4



vejo a minha vida ser escrita numa pequena agenda, a que eu chamei de caderno, por motivos poéticos. a tinta começa a acabar. ...filmes de treta na TV é no que dá... vejo-me aqui impelido contra o grande saco de seres que eu sou... em diversos formatos: canto, escrevo, soletro, até vou dando uns pezinhos de dança, e finjo que realmente me agrada. e chega a agradar. esta vida não é mais minha que do vento que passa lá fora. não sei porque disso isto, nem o que quis dizer com isso, sei que fica bonito dizer, e eu vou sendo bonito, a ser o que nunca fui lá muito bem.

***

estou cansado, cheio de sono, ainda assim dei-me ao trabalho de vir aqui de propósito, para escrever umas palavras que finjo me saírem das mãos como se cera fosse (Cera??? Sim, cera..). com que objectivo. com algum certamente. com que objectivo um artista escreve, ou pinta, ou canta, ou faz outra coisa qualquer enquanto dança o vira. (não sabia que dançava. só Às vezes quando ninguém vê). talvez em busca de algum reconhecimento público, talvez em busca de algum prazer do momento, talvez em busca de algo que se esconde por detrás dos sentimentos, talvez porque me apetece uma perninha de pito frito, mas não sei que mais fazer. não sei porque estou aqui a me armar em esperto, a fingir que não tenho piada nem disposição para continuar a viver, só sei que me sinto bem assim, e por mim, continuava a escrever até o Sol se pôr... ou nascer, ou lá o que ele faz pela manhã.

***

páginas soltas: vida. é tudo o que tenho.... com algum tipo de desejo gosto de marcar a minha alma em papel, como se de uma folha de uma videira (ou de outra árvore qualquer) se tratasse. o perfeito está longe, algures no meio da roupa suja, por lavar. o sentido da vida mantém-se incógnito. e eu quero lá saber. estou com sono, pouco me interessa se sou ovelha, porco ou avestruz... mas quero muito ir para a cama... mas estou aqui tão bem... e a preguiça prega-me ao sofá. quero marcar a preguiça numa folha, a preguiça e o resto da minha alma, como se fosse mesmo minha... tenho essa ânsia, e ela não desaparece, sempre com o seu nariz empinado. passa um século e continuo a ser nada: ninguém leu o livro que escrevi. que serei então? pó de nada? pó de vida? pó de arroz? por isso vou rezando. por viver quanto melhor possível, e quanto mais. e vai-se vivendo, ou ia-se que estou a começar a ter fome...

domingo, 15 de novembro de 2009

noite fora #3






sou escravo do que fui, e do que vou sendo. o passado é viciante para mim: ainda não aprendi a viver sem ele. parece que o livro em que escrevi a minha história está constantemente aberto, sem avançar. não quero ser mais nem menos do que sou: basta-me ser. e vou sendo por agora: filme japonês que não percebo, mas que não consigo mudar, os livros nas estantes a descansarem do seu merecido descanso (e estão assim há tanto tempo!) e eu aqui, sendo.

***

o que é que tu és?
-eu sou
mas o quê?
-sou
mas o quê?
-um ser
diz lá...
-mas como posso dizer algo que não sei?

e eu sou escravo da dúvida

domingo, 8 de novembro de 2009

noite fora #2




há alturas da vida em que me apetece falar ou escrever, compulsivamente... cheirando o ar diria que não cheira a nada, ou que cheira a mim. apetece-me escrever agora, independentemente do que diga apetece-me escrever. apetece-me, porque como disse um post atrás gosto de ser livre, de correr, de voltar a ser criança, garoto, gaiato, infante, pequeno,... sabe bem ser o que não se é... sabe bem escrever...
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o país vai mal, mal pa caraças, está um caos. de um momento para o outro surgiu um caso que só vem confirmar as suspeitas que já pairavam no ar há tempo de mais. de um momento para o outro a Terra abana, pelo menos aquele pedaço escondido por trás da Europa a que chamam Portugal. de um momento parece que os pilares da nossa ponte são feitos de cartão, e que a qualquer momento tudo pode cair. o que não é mentira. o país vai mal. sempre foi. mas parece que agora as pessoas não se preocupam com isso.

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sinto saudades de alguém que não sei quem é. procuro nos meus arquivos mentais, mas passam indiferentes os meus olhos por cada uma das almas registadas. e continuo a procurar mas fora de mim. tudo me parece indiferente. nada brilha. e quando alguma coisa brilha um pouquinho, a sua luz parece cegar a vida, mas não passa de uma imitação de brilho. mas continuo à procura desse algo que não vou nunca encontrar (o nunca fica muito forte ali!).


domingo, 1 de novembro de 2009

noite fora




quantas vezes, sem saber o que dizer, optamos pelo silêncio?
é a pior das decisões: não passa da perpetuação do "e se".
eu vou-me calar, e esperar pelo teu perdão, por ter sido rude...