nunca fui supersticioso, mas então gato preto, e mais um, e mais um. números que se repetem, parece que dizem
-olá...
e eu assustado viro as costas. não me interessam superstições vulgares, 13 azar, 13 não azar, número bonito que lhe brilha nas costas com brilho (passe-se o pleonasmo), e antes dela outra, e antes provavelmente outra ainda, mas beleza, e não sei se amor.
- o amor é feito de superstições
disse alguém e ouvi a minha voz seca, cega de beleza, provavelmente era ela.
nunca fui supersticioso, mas quando se não tem respostas elas parecem cair do céu como sinais. ora uma estrela cadente, ora chuva, ora cocó de pássaro, ora escarro de alguém no andar de cima. mas chega sempre algo. às vezes chega enganado, não é para nós
-ouviste?
não, não ouvi... provavelmente voou
-provavelmente voou?
sim, o meu barco, mas como estás a falar comigo?
-não sei, às vezes ouço vozes, sinais... e a propósito de quê é que estavas a falar de barcos que voam...
é o meu barco. é um barco-mosca.
-capitão Haddock?
sim
-é um sinal para mim?
não, é para um tal de Jorge
-ah, desculpe.
de forma que muitas vezes sinais enganados, e talvez por isso que eu não supersticioso.
nunca fui supersticioso, e no entanto tremo quando vejo esse número, lembro-me de imagens, futuros, passados, superstições, medos, tremores, sonhos, tudo meros relances. e já nem me lembro quem és