dotados de um hip-hop consciente de lirismo admirável, os Dealema estiveram o fim-de-semana passado no sons de vez. o colectivo nortenho veio apresentar o ep do ano passado A
rte de Viver. esquecendo um pouco esse trabalho, penso que é importante fazer ênfase aos dois trabalhos anteriores, assim como às influências do seu trabalho que por vezes brotam.
com hip-hop poético, não se limitando a rimar, os dealema apresentaram em 2008 o notável
V Império, com o intuito de expandir, não só a sua influência, como também a lingua portuguesa (não tivesse este conceito sido criado pelo padre antónio vieira). nele há ecos de
1984 de orwell, com uma reflexão sobre a violência como ferramenta de submissão de um povo em
sala 101,ecos de kafka na
metamorfose, neste caso do espírito. juntando a estas referências uma poesia que reflecte sobre a sociedade, sobre o indivíduo, sobre o amor, sobre o ódio, sobre a solidão, concentrando forças na consciência social e no papel da arte no processo de transcendência, torna-se um trabalho de audição fundamental, para quem gosta deste estilo de características tão próprias.
com características semelhantes apresentaram em 2004 o homónimo
Dealema, mais poético e mais forte psicológica e artisticamente, na minha opinião.
mais do que boas rimas e instrumentais os dealema apresentam sempre bons conceitos e grandiosas referências culturais, algumas evidentes por serem tema central de álbuns ou de faixas, outras mais discretas (lembro-me por exemplo de uma referência aos cães de Pavlov).