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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ponte de tédio


Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o outro.

Mário de Sá Carneiro

sinto tédio. mais que isso, sou tédio. tão deprimente como qualquer palhaço pode ser. é interessante ainda assim essa indefinição: não ser nada, ser a ausência de tudo. não é interessante, é antes giro de se dizer, porque é giro dizer coisas contraditórias, ou talvez não seja giro, mas dá-me um gozo do caraças e é assim que não me encontro.

não fazer nada é, até certo ponto, uma manifestação última de liberdade: fingindo de morto, atingimos essa liberdade suprema que é estar independente do corpo, do mundo, até do espírito, como um pedaço de nada que somos, sem consciência atrás de nós, perdidos no vazio. ou isso ou como estar preso num poço sem ter como sair, apenas sabendo o quanto se deseja estar no exterior.

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