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terça-feira, 21 de julho de 2009

Divagações sobre a Igreja, Religiões e os Jovens

Hoje, enquanto passeava pelas ruas de Viana, vi um cartaz de uma igreja, que pretendia chamar a atenção de jovens. Era qualquer coisa do género:

"Esta é a casa do senhor por isso desliga o telemóvel.
Podes ligar-lhe que ele atenderá sempre."


Ou seja, pretendia desta forma, falar na linguagem dos jovens, tentava desta forma chegar a um mundo que cada vez mais se afasta da Igreja. Sou sincero, fora aqueles jovens completamente deprimidos com pouca capacidade intelectual, duvido que esse cartaz traga mais gente para a Igreja.




O problema é que depois de uma geração que conheceu um novo mundo de informação e conhecimento, escondido pelas mãos de uma Igreja conservadora, era de estranhar se esta educasse as gerações seguintes para que fossem fiéis seguidoras dessa mesma Igreja, com quem pouco queriam. Não direi que queriam que os seus filhos e netos se afastassem dessa crença, mas o facto é que um olhar pouco crente dos pais pode resultar num afastamento maior do que era pretendido.

Eu creio que isto se deve porque, muito antes das pessoas se afastarem da Igreja, a Igreja começou a se afastar de Deus. Muito pouco era aquilo que a Igreja defende que já Jesus Cristo defendia. Como tal, é normal que as pessoas se afastem da Igreja, e é natural que esse divórcio seja progressivo, sendo por isso normal que cada vez menos jovens se mantenham fiéis aos ideais do Vaticano. Eu próprio sou ainda bastante jovem, e não acredito numa palavra da Igreja. Não quer isto dizer que não acredite num Deus. Acredito, mas não acredito que haja um Deus para um povo, para uma raça ou para um reino biótico. Acredito que há um Deus comum a todos os seres, que pode ou não ser racional. Eu acredito nisto, mas não conheço muitos mais que acreditem em algo com tanta convicção.


Quando ouço alguém discutir sobre Religião reparo que os assuntos tratados são, na maior parte das vezes, a Igreja Católica e outras Igrejas, ou seja, focando-se apenas sobre Religiões escritas e estipuladas por homens. Questiono-me apenas sobre, quem melhor do que eu próprio para saber em que acredito? Ninguém, por isso, não faz sentido que eu me limite ao que alguns homens disseram, e tente compreender o mundo através dessas palavras. O facto é que por vezes sinto-me algo sozinho! Por mais ninguém no meu círculo acreditar num Deus Universal, mas sim num Deus que só é Deus de quem acredita numa ideologia estipulada por alguém.

Peço desculpa se firo as susceptibilidades de alguém, mas o facto é que eu não acredito em Religiões feitas por linhas rígidas e rectas. Talvez se os jovens compreendessem isto, talvez deixassem de considerar a Religião algo banal. Talvez se deixassem de associar Deus a velhotas com medo que o céu lhes caia em cima, começassem a perceber o que a Religião (ou as crenças de alguém sobre tudo o que está à nossa volta) é.


Ps:. Entenda-se que falo do Estereotipo de jovem, ou seja, esse jovem que não liga à Igreja nem à Política. Com certeza haverá muitos e muitos jovens que, tal como eu, se importem com o que nos rodeia!



2 comentários:

Miguel disse...

Olá!
De facto é verdade o que disse. Em parte. A questão é que os jovens de hoje em dia não são, nem de perto, nem de longe, uma faixa etária responsável, mas sim dada apenas a excessos. Não que o excesso seja mau, porque acredito que é o que caracteriza. Mas não é comodido. A maioria dos jovens desinteressam-se muito pela política, pela religião, pelo domínio social que fuja ao domínio nocturno, às loucuras sem medida. Eu sou jovem, é verdade. Tenho as minhas loucuras, MAS, e eis aqui a grande diferença, tenho as minhas responsabilidades sociais. Não que a responsabilidade seja crer em algo. Mas se uma mente se fecha para o campo do que é físico, imediato, concreto, porque haveria de se abrir para algo que os obriga a repensar o que são, o que fazem, no que creêm?!

joao amorim disse...

Repara que eu não critiquei o facto de os jovens não ligarem a questões mais transcendentes, simplesmente constatei um facto.
Acho é que se estas coisas fossem divulgadas de uma outra forma, talvez essa visão peculiar dos jovens em geral se alterasse. Creio que a Igreja se fechou sobre si mesma, e a Sociedade criou um estereotipo de Religião, segundo o qual esta nada tem que ver com crenças, mas sim com organizações já instituídas.

Quanto ao facto de os jovens não acreditarem em nada, desde que não seja por serem influenciáveis e considerarem questões destas uma coisa para cromos, nerds ou algo do género, não tenho nada contra! Cada um acredita no que quiser, isto se quiser.

Ou seja, neste ponto falo dos jovens enquanto passivos. Acho que a sociedade devia ver crenças de uma forma menos burocrática.