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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ponte de tédio


Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o outro.

Mário de Sá Carneiro

sinto tédio. mais que isso, sou tédio. tão deprimente como qualquer palhaço pode ser. é interessante ainda assim essa indefinição: não ser nada, ser a ausência de tudo. não é interessante, é antes giro de se dizer, porque é giro dizer coisas contraditórias, ou talvez não seja giro, mas dá-me um gozo do caraças e é assim que não me encontro.

não fazer nada é, até certo ponto, uma manifestação última de liberdade: fingindo de morto, atingimos essa liberdade suprema que é estar independente do corpo, do mundo, até do espírito, como um pedaço de nada que somos, sem consciência atrás de nós, perdidos no vazio. ou isso ou como estar preso num poço sem ter como sair, apenas sabendo o quanto se deseja estar no exterior.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Actor das causas diárias


fonte

Eu, enquanto ser humano, devo dizer que sou susceptível à sociedade à minha volta. Não me deixo influenciar directamente, mas tenho tendência em representar o que sou. Forçar movimentos, forçar discursos, etc. Enquanto isto me sucede, vou-me apercebendo de que me vou tornando nessas representações, nessas personagens que crio e fecho num tempo determinado. Busco a naturalidade em tudo o que faço. Busco a liberdade. É isso que tento fazer sempre que faço, o que quer que seja. É nesta minha busca que me perco por entre quem sou, quem quero ser e quem quero mostrar ser.

Sou o quê afinal? Responde-me só a isso... Sou quem sou? Quem quero ser? Ou o que mostro ser? Talvez a ponte de tédio que vai de mim para o outro ... Perco-me por entre os mares da representação, da essência e do sonho. Será assim tão difícil ser natural? Serei natural quando tento mostrar algo que não sou, mas que afinal talvez seja? Pão com chouriço e talvez seja, porque toda a gente assim. Eu, tu e o outro, por trás daquela fotografia, olhando o avô que chorava. Ninguém percebeu, mas naquele momento ele foi natural, e quis mostrar que o era. Actor das causas diárias, representação esquemática de um homem perdido na Terra.